Vejo sempre a mesma imagem: Eu, sentado confortavelmente num sofá situado perto de uma janela grande por onde a luz da lua cheia consegue entrar e iluminar aquela sala vazia, fumando um cigarro enquanto bebo uma xícara de café, olhando para o nada. Mas a pessoa ali sentada não sou eu. Ele tem meus olhos, meu rosto, o mesmo jeito de se sentar e ate os mesmos gestos que eu.... mas não sou eu dentro daquele corpo. Ele é tudo que eu não sou, tudo aquilo que eu escondo de mim e do resto do mundo. É alguém que eu não conheço de verdade, porque nunca procurei conhecer... nunca lhe dei a chance de viver fora dos limites que meu bom senso lhe colocou. Eu o mantenho ali trancado, sem ter ideia do que ele é capaz... sem saber se ele é bom ou ruim. Sem saber se posso controlá-lo ou se essa parte do meu ser vai tomar conta de mim por completo.
Tal vez eu seja uma pessoa ruim tentando ser alguem bom. Escondendo a raiva dentro de mim. Confiando nas pessoas, mesmo sabendo que não merecem nem o meu respeito. Insistindo em querer ver apenas o que há de bom nelas, quando nem elas são capazes de enxergar sua própria bondade.
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